terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Receita para um Ano Novo mais feliz


Se existe uma  palavra mágica é o desejo. Quando desejamos com toda força interior, emitimos uma energia misteriosa que nos compromete no empenho de realizar o que desejamos. Isso pode ter conseqüências concretas para as outras pessoas e no mundo. Nestes dias, há quem tenha desejado “Feliz ano novo!” como mera formalidade social. Entretanto, a maioria das pessoas, de fato, anseia que este ano de 2011 seja um tempo mais feliz e de paz para si mesmo/a, para os entes queridos e para todo mundo. Por isso, quem, de coração, almeja os melhores votos de ano novo, precisa saber como transformar o seu desejo em caminho positivo para um futuro melhor.
As culturas e religiões antigas crêem na força da palavra. Em muitas religiões indígenas, as palavras curam ou, ao contrário, podem matar.
Na Bíblia, vários salmos pedem a Deus que nos proteja dos “i pô ´allê ´awen”, isto é, as pessoas que, com sua palavra, provocam males como doenças, tragédias ecológicas e todo tipo de infelicidade. Esta cultura dos amaldiçoadores vinha de Sumer onde existiam rituais de Shurpu, maldições do tipo que em nossa cultura popular se chamaria “rogar praga”. No Novo Testamento, a 1ª carta de Pedro insiste que “nós temos a vocação da bênção, isto é, somos chamados a bendizer, ou seja, invocar o bem sobre as pessoas e sobre o universo (1 Pd 3, 9). 
Para as culturas antigas, a palavra é eficaz quando nasce no mais profundo do coração e é precedida pela prática de vida. O Mahatma Gandhi ensinava: “Comece por você mesmo a mudança que deseja para o mundo”. O Evangelho diz que a palavra de Deus se realizou em João Batista no deserto (Lc 3). Isso significa que, primeiramente João viveu a palavra e só depois a proclamou. Quando vivemos o amor, a generosidade, a solidariedade e a partilha de vida, então, o nosso desejo de que o mundo caminhe para isso se torna eficaz. Evidentemente que não temos força para mudar organizações sociais e sistemas complexos e baseados em leis estruturais. Não podemos pensar que somente pelo fato de desejar, conseguiremos transformar o mundo. No entanto, podemos contribuir para que se criem as condições necessárias para transformar estas leis e sistemas.
Você quer, de fato, que este ano seja um tempo de profunda renovação da sua vida? Deseja que isso repercuta bem para as pessoas ao seu redor e para todo o universo? Então, refaça neste início de ano novo o compromisso de, a cada dia, consagrar um tempo, por mínimo que seja, de gratuidade e interioridade para renovar um verdadeiro e profundo diálogo consigo mesmo/a. Ao mesmo tempo, comprometa-se em ser, cada vez mais, uma pessoa de diálogo com os outros, inclusive com as pessoas que pensam e agem a partir de valores que você não aprova. O diálogo mais fecundo é justamente com os que pensam e atuam diferentemente de nós. Além disso, procure de todos os modos intensificar a comunhão solidária com a terra, a água e todos os seres vivos do planeta. Faça isso e a bênção deste ano novo se realizará em você e, a partir de você, no mundo. Você constatará, então, como se tornarão verdadeiras e fecundas em sua vida, assim como para os que convivem com você, as palavras da antiga bênção irlandesa: “O vento sopre leve em teus ombros. Que o sol brilhe cálido sobre tua face, as chuvas caiam serenas onde moras. E até que, de novo, eu te veja, que Deus te guarde na palma da sua mão”.

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CONSELHO AOS PAIS

CONSELHO AOS PAIS

25/05/09

Já na sua infância, desde cedo, não dê à ele tudo o que quiser, assim quando ele crescer, não ficará a espera que o mundo lhe dê o que deseja; Não ache graça de seu palavreado chulo e grosseiro; Inicie-o nos caminhos de uma educação religiosa, sem fanatismo, que não pregue a divisão e sim, a união do povo de Deus; Não apanhe tudo que ele deixar jogado: livros, brinquedos, sapatos, roupas e ... Habitue-o a guardar todos os seus pertences; Não faça tudo para ele. Ensine-o a fazer de tudo, a fim de que não seja um eterno dependente dos outros; Evite, a todo custo, discutir com freqüência na presença dele; Não o defenda, intransigentemente, contra seus professores. Apure os fatos com calma. Lembre-se que os professores são seus parceiros e não seus inimigos; Não tente dominá-lo querendo que ele seja a sua cópia, mas tente sempre persuadi-lo através de um diálogo sincero e amigo. Respeite sua personalidade; Finalmente, prepare-se para no futuro ter somente orgulho e alegria de ter realmente, criado um filho com dignidade; Lembre-se: se fizeres o contrário disto, corre o risco de uma vida futura cheia de angústias, decepções e lágrimas de dor. (Texto adaptado pelo Professor Francisco Jaegge)

LIMITES NA EDUCAÇÃO - Fábio Henrique Prado de Toledo

LIMITES NA EDUCAÇÃO - Fábio Henrique Prado de Toledo

Limites na educação

Fábio Henrique Prado de Toledo

Algum tempo atrás manifestei nesta coluna certa perplexidade com o Projeto de Lei n. 2.654/2003, com o que se pretendia proibir qualquer forma de punição corporal a crianças e adolescentes. Como disse naquela oportunidade, o assunto merece ser melhor refletido.

Penso que as “palmadas” nas crianças não são mesmo um recurso educativo a ser utilizado a todo momento. Mais ainda, conheço vários pais que conseguiram educar muito bem sem jamais ter sequer levantado a mão contra os filhos. Aliás, se analisarmos bem, muitas das vezes que se bate numa criança, faz-se porque o pai ou a mãe estão nervosos com outro assunto que os afligem e a travessura foi apenas o estopim. Outras vezes, quase sempre, bate-se porque não se tem paciência para explicar o porquê de não poder ela fazer algo, dando os motivos pelos quais sua conduta não é adequada e, sobretudo, expondo as boas razões para se proceder corretamente.

O problema de leis radicais como essa são as más interpretações que podem causar. Estou certo de que, tão-logo aprovada, não tardará em surgir nas escolas e nas famílias uma falsa concepção do tipo: não se pode fazer nada com o garoto que não obedece, pois do contrário pode ser “processado”. Ou, pior ainda, as próprias crianças poderão incorporar o falso conceito e se levantarem contra os educadores, pais e professores, numa arredia desobediência a qualquer tipo de ordem com o petulante argumento: “não pode fazer nada comigo, sou menor”.

Não há educação sem limites. Já relatei a história de um garoto que, durante uma viagem com os colegas de escola para um acampamento, se queixava com o professor de que seus pais não lhe davam liberdade, que dependia da autorização deles para quase tudo. Esse bom professor deu ao aluno uma brilhante lição, que merece ser contada novamente:

“Seus pais não permitem que você faça tudo o que quer porque o amam. Veja esse pequeno riacho, em sua nascente, uma margem é bem próxima da outra. É o que ocorre com uma criança pequena, de tudo dependem dos pais. O riacho, conforme vai avançando, as suas margens vão ficando cada vez mais distantes, até que deságüe no mar, onde não há mais margens. Assim deveriam os pais fazer com os filhos. A autoridade dos pais é a margem dos rios que permite que cheguem ao destino.

Quanto maior o rio, mais distantes as margens, quanto maior e mais responsável o filho, maior pode ser a sua autonomia. E veja, que bom que é a margem, imagine o que seria do rio sem ela? Veja aquela parte do rio em que a margem é menos resistente, parte da água caiu para fora e apodrece à beira do rio, não chegará ao mar. Assim acontece com os filhos que possuem pais fracos, que não desempenham a obrigação de exercer a autoridade: deixam seus filhos perdidos nas ribanceiras do mundo, não chegam ao mar".

Soube também do drama de uma adolescente que talvez ilustre o desastre que é a educação sem limites. Trata-se de uma jovem de quatorze anos que estava deprimida e resolveu fazer um tratamento psicológico. Depois de algumas sessões, ela acabou por deixar de escapar algo, aparentemente sem importância, mas que revelava a causa de sua “depressão”.

Disse ela: “quando as minhas amigas me convidam para algum passeio que eu não quero, gosto muito de dizer que meus pais não deixaram. É a desculpa que mais me agrada”. “Você sabe por que isso lhe agrada?”, perguntou o psicólogo. “Na verdade não sei”, prosseguiu ela, “os pais de minhas amigas sempre as proíbem de fazer algo que elas verdadeiramente gostariam, mas eles também conversam com elas, fazem programas juntos, penso que elas ganham um beijo dos pais antes de irem dormir...”. Ela não contém as lágrimas que escorrem, e depois conclui: “meus pais me deixam fazer tudo o que eu quero porque não gostam de mim. Fazem isso para que eu não os incomode, então eu costumo dizer a minhas amigas que me proíbem de fazer alguma coisa para que não percebam que meus pais não me amam”.

Comprometedor esse relato, não? É hora, pois, de levá-lo mais a sério.

Fábio Henrique Prado de Toledo é Juiz de Direito em Campinas. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Articulista do Correio Popular de Campinas e de alguns outros jornais. Casado, pai de 8 filhos e Membro do Conselho de Administração do Colégio Nautas.

e-mail: fabiotoledo@apamagis.com.br

Publicado no Portal da Família em 22/06/2010